A Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro – agora desactivada – que ligava a Régua a Chaves, passando por Vila Real e Vila Pouca de Aguiar.
Foi inaugurada em 1910, com a chegada do comboio a Vila Real, e concluída em 1921 com a chegada do comboio a Chaves.
Depois de décadas a ligar várias povoações do alto de Trás-os-Montes ao Douro, a Linha do Corgo não resistiu ao declínio da ferrovia e o troço entre Vila Real e Chaves foi encerrado em 1990. Por sua vez, a ligação entre a Régua e Vila Real foi interrompida para obras em 2009 mas o instalar da crise económica e a falta de investimento resultou no seu encerramento definitivo em 2010, o ano que marcava o centenário da sua inauguração.
Enquanto esperamos que o Plano Nacional de Ecopistas inclua todas as antigas linhas de bitola estreita de Trás-os-Montes ou que chegue um verdadeiro projecto de turismo ferroviário revivalista, decidimos percorrer os 25 km da Linha do Corgo de Vila Real à Régua serpenteando ao longo do vale do rio Corgo. Fizemos o percurso a pé mas também é possível – e muito recomendável – percorrê-lo de bicicleta.
Saímos da estação de Vila Real, descaracterizada já sem carris e vamos caminhando à sombra do pinhal até desembocarmos numa paisagem aberta dominada pelo grande viaduto da A4.
Do planalto em direcção a Sul a paisagem muda, deixamos a Norte as montanhas do Marão e a aventura no vale começa.
Os quilómetros vão-se sucedendo e pelo caminho passamos por olivais e pelas vinhas de perder de vista encosta acima. Os antigos apeadeiros aparecem lentamente e convidam ao descanço.
De Cruzeiro para Alvações do Corgo, o caminho é esmagador. Imaginamos o comboio a ondular na rota sinuosa ao longo do abismo com o rio Corgo lá em baixo.
Contam-se histórias da época das locomotivas a vapor, sobre o “U” que o traçado da linha faz perto de Carrazedo: o comboio circulava tão lentamente que dava tempo para os rapazes saírem do comboio em movimento para apanhar uns cachos de uvas e voltar a apanhá-lo do outro lado do vale.
Perto de Alvações do Corgo, uma das pequenas aldeias que davam vida à linha, a vista sobre as vinhas em socalcos é magnífica. Do outro lado do vale vemos quintas de vinho do Porto.
Em Tanha atravessamos a ponte sobre o rio Tanha e descemos a encosta sempre percorrendo a margem esquerda do rio até chegar à ponte sobre o rio Corgo, onde o nosso percurso intersecta a Linha do Douro, perto da Régua.
Foi um dia de caminhada espectacular mesmo à medida de quem é pinga-amor ferroviário.